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Assistência técnica para moradia é um direito de todos

Morar bem é um direito humano universal , mas o que é afinal uma moradia digna?

“Moradia adequada não é aquela que apenas oferece guarida contra as variações climáticas. Não é apenas um teto e quatro paredes. É muito mais: É aquela com condição de salubridade, de segurança e com um tamanho mínimo para que possa ser considerada habitável. Deve ser dotada das instalações sanitárias adequadas, atendida pelos serviços públicos essenciais, entre os quais água, esgoto, energia elétrica, iluminação pública, coleta de lixo, pavimentação e transporte coletivo, e com acesso aos equipamentos sociais e comunitários básicos.”

Ministério Público do Paraná em consonância com o Comentário Geral n. 04, de 12 de dezembro de 1991, do Comitê dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais da Organização das Nações Unidas – ONU

Estimava-se e 2018, entretanto, que cerca de 15 milhões de famílias viviam em condições precárias no Brasil. (Hoje esse número de 25 milhões, 2024). A Arquitetas Nômades nasceu do propósito de levar arquitetura e dignidade no morar para todos.  Nosso principal serviço são as melhorias habitacionais por meio de um pacote com assistência técnica, execução, materiais e gestão da obra que podem ser pagos parceladamente através de parceiros. Além disso, estimulamos a reutilização de materiais como forma de reduzir os custos. Nós já fomos questionadas algumas vezes porque oferecemos esse serviço já que desde 2008 existe uma lei que assegura às famílias de baixa renda assistência técnica pública e gratuita para o projeto e a construção de habitação de interesse social.  Nosso negócio social não oferece somente assistência técnica, acompanhamento e gestão de reformas, mas consegue viabilizar o financiamento total da melhoria incluindo materiais e a mão de obra, enfim, entregamos juntos a vários parceiros o produto pronto. De qualquer modo, a implantação da lei ainda está em processo e a maioria exorbitante dos municípios brasileiros ainda não conta a aplicação da mesma. Enquanto isso não acontece nós não ficamos de braços cruzados vendo situações degradantes de risco à própria saúde.

O desconhecimento da LEI Nº 11.888  pela maior parte da população, principalmente aquela que mais precisa, também não pode continuar.  A importância desses serviços está ligada à necessidade de elaboração de projetos e de acompanhamentos de obra, principalmente de construções, já que muitas vezes a população de baixa renda não tem condições para arcar com a contratação de profissionais.

Esse direito foi fruto de cerca de 30 anos de muita luta e movimentação político-social e ainda hoje não é aplicado nacionalmente.

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Para quem?

De acordo com a Lei, todas as famílias com renda mensal de ATÉ 3 (TRÊS) SALÁRIOS MÍNIMOS, residentes em áreas urbanas ou rurais.  A assistência técnica pode ser oferecida diretamente às famílias ou a cooperativas, associações de moradores ou outros grupos organizados que as representem.

Benefícios

Além de assegurar o direito à moradia, abrange todos os trabalhos de projeto e acompanhamento de execução da obra a cargo dos profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia necessários para a edificação, reforma, ampliação ou regularização fundiária da habitação.

Objetivos

Além de oferecer um direito básico, na busca por uma melhor qualidade da moradia para populações de baixa renda, a lei é uma forma de otimizar e qualificar os espaços construídos e os recursos utilizados, de regularizar os processos legais das obras junto aos devidos órgãos responsáveis e também visa a aplicação das legislações urbanísticas e ambientais, para assim evitar a ocupação de áreas de risco e de interesse ambiental. É um meio de viabilizar o melhor planejamento e crescimento das cidades.

Recursos

Todos os serviços de assistência técnica previstos pela Lei devem ser custeados por recursos de fundos federais direcionados à habitação de interesse social, por recursos públicos orçamentários ou por recursos privados. Os recursos vêm do Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social (FNHIS) e dos fundos municipais e estaduais de habitação. Cabe aos órgãos públicos instituir programas, estruturar e promover os serviços de assistência técnica, definindo a destinação dos recursos.

Quem pode trabalhar na execução desses serviços?

A Lei prevê a necessidade de capacitação dos profissionais das áreas de arquitetura, urbanismo e engenharia, podendo ser:

  • servidores públicos;
  • integrantes de equipes de organizações não governamentais sem fins lucrativos;
  • profissionais inscritos em programas de residência acadêmica em arquitetura, urbanismo ou engenharia ou em programas de extensão universitária;
  • profissionais autônomos ou integrantes de equipes de pessoas jurídicas, previamente credenciados, selecionados e contratados pela União, Estado ou Município.

Qual o papel de cada um para a eficiência desse direito?

A cidadania está conectada à moradia, fazer parte de uma cidade democrática e inclusiva abrange a capacidade de se morar dignamente. Toda a sociedade beneficia-se com a AT, pois ela promove a qualidade, segurança e beleza das cidades, atuando em conjunto para que ocorra a eficácia das políticas públicas de saúde e educação, reduzindo os riscos de desastres e violência urbana.

Mesmo garantido por lei, esse direito ainda não têm o alcance que deveria ter. São poucas as prefeituras que se empenham em direcionar as verbas do FNHIS para aplicar corretamente a Assistência Técnica na cidade. É importante que os cidadãos conheçam seus direitos e cobrem dos poderes públicos sua aplicação. A esperança é que no futuro a Assistência Técnica seja implantada em todo o país, e possa assim, ter efeito transformador na qualidade de vida das pessoas e no desenvolvimento das cidades.

Veja algumas Iniciativas particulares que aplicam a lei de Assistência Técnica
  • O IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil) lançou em 2010 um Manual para Implantação da Assistência Técnica Pública e Gratuita a Famílias de Baixa Renda para Projeto e Construção de Habitação e Interesse Social.  A proposta é que os profissionais interessados em prestar assistência técnica se cadastrem junto à entidade e recebam justa remuneração por sua atividade, e o acesso das famílias de baixa renda aos serviços profissionais de engenharia e arquitetura se dê a partir de um cadastro realizado pelo município. Dessa forma não se faz necessária uma legislação complementar local, estadual ou municipal, necessitando apenas da iniciativa conjunta das entidades, municípios e agentes governamentais em firmarem convênios para que a AT possa ser colocada em prática. VEJA MAIS
  • Desde 2017, os CAU/UF (Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil) têm destinado 2% da sua arrecadação a apoiar projetos e ações voltadas à AT, com o objetivo de universalizar o acesso aos serviços de Arquitetura e Urbanismo. Eles têm lançado editais para financiamento de projetos de promoção à assistência técnica a habitações de interesse social. VEJA MAIS
  • ONG´s e Escritórios:

Peabiru: A Peabiru Trabalhos Comunitários e Ambientais é uma ONG de Acessoria Técnica, fundada em 1993 por um grupo de profissionais – Arquitetos e Urbanistas, Engenheiros, Advogados, Psicólogos, Sociólogos, e outros técnicos da área social – que atua no desenvolvimento de projetos e acompanhamento de obras habitacionais de interesse social no contexto do programa de mutirão com autogestão. VEJA MAIS

Usina_ctah: Fundada em junho de 1990 por profissionais de diversos campos de atuação como uma assessoria técnica a movimentos populares, tem atuado no sentido de articular processos que envolvam a capacidade de planejar, projetar e construir pelos próprios trabalhadores, mobilizando fundos públicos em um contexto de luta pelas Reforma Urbana e Agrária. Atua na concepção e execução de unidades habitacionais, centros comunitários, escolas e creches e no desenvolvimento de planos urbanísticos, projetos de urbanização de favelas e auxiliou a formação e organização de cooperativas de trabalho. VEJA MAIS

Revista Projetar – Revista da Assistência Técnica na habitação social

Mais notícias

“Cada casa, um lar”, acompanhe esse projeto

É com grande entusiasmo que apresentamos esse projeto, uma iniciativa reforçada pelo CAU/MG conforme edital de chamado público N.º 002/2023, modalidade assistência técnica para habitações de interesse social “Moradia digna, um direito seu”.Proposta pelo Projeto Social CAC e pela arquiteta Amanda de Almeida Carvalho, com execução da equipe dos Arquitetas Nômades, o projeto visa atender famílias de baixa renda afetadas por desastres causados ​​pelas chuvas, pela COVID-19 e outras vulnerabilidades, incluindo idosos, pessoas com deficiência , acamados, gestantes, crianças pequenas, vítimas de violência e famílias sem fonte de renda. Arquitetos e estudantes interessados ​​no ATHIS foram convidados a participar das atividades e da capacitação de gestores públicos em Santa Cruz de Minas e São João Del Rei, juntamente com a equipe do CAC e das Arquitetas Nômades, com o objetivo de promover moradias dignas e seguras para todos. Inscrições e participação A divulgação do projeto para comunidade de estudantes e arquitetos foi realizada por meio de nossas redes sociais, ficando aberta de setembro de 2023 a abril de 2024. Os 12 inscritos, entre alunos e profissionais de arquitetura participaram de várias etapas desde visitas, elaboração do projeto , acompanhamento execução da obra e oficina de capacitação.  Veja abaixo um dos projetos desenvolvidos por uma das arquitetas escritas 🏡💫 Oficinas  Os escritórios são um espaço onde estudantes, arquitetos e moradores se unem para aprender o ofício juntos, colocando literalmente as mãos na massa sob orientação de profissionais. Foram realizados escritórios de telhado, reboco, alvenaria e pintura. Confira algumas delas abaixo: Clique nas imagens abaixo para assistir aos vídeos 💪🏠 Clique para ver a oficina de reboco com a moradora Soraia A capacitação em ATHIS para gestores e servidores públicos de São João Del Rei e Santa Cruz de Minas a fim de contribuições o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e inclusivas na área de habitação ocorrerá no mês de maio de forma presencial. Clique nas imagens abaixo para assistir aos vídeos

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Guia comunitário Moradia e Patrimônio

Guia comunitário Moradia e Patrimônio Na última newsletter falmos sobre a relação entre moradia digna e patrimônio cultural nas cidades históricas de Ouro Preto e São João del Rei. Vejam agora o desenrolar dos projetos “Guia para moradores do centro histórico e entorno” da A3EM e do projeto da Projeto Social Criança, Atleta, Cidadã (CAC) , com apoio do CAU/MG. Ouro Preto Foram 2 meses de encontros on-line e presenciais com moradores e estudantes e profissionais de arquitetura para adquirir informações e traduzir em guia didático de patrimônio e habitação para Ouro Preto .Organizado pela arquiteta Ângela Poletto os temas trabalhados foram das diretrizes de tombamento, aprovação e regularização , ATHIS até as patologias e áreas de risco . Veja um resumo da introdução ao projeto abaixo: Assista ao vídeo São João del Rei Além das oficinas on-line para os estudantes e profissionais de arquitetura, aqui tivemos oficinas lúdicas com as crianças do Projeto Social CAC🏠✍️🎨🎬🎭Através do olhar delas estamos redescobrimos o patrimônio cultural da nossa cidade e como  levar para os moradores 🌟 Os participantes propuseram e acompanharam as oficinas: Assista ao vídeo O resultado foi impressionate . Veja na íntegra os guias comunitários produzidos e entregues presencialmente nas comunidades: Baixe aqui Baixe aqui

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Moradia digna e Patrimônio : o que tem a ver?

Moradia digna e Patrimônio : o que tem a ver? A relação entre moradia digna e patrimônio nas cidades de São João Del Rei e Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, reflete uma interação complexa e multifacetada. Como podemos garantir moradia digna enquanto preservamos nosso legado histórico e cultural? Nesta newsletter, exploramos essa interseção desafiadora e as iniciativas em andamento para enfrentar essa questão. Duas Cidades de Histórias e Desafios No período da exploração aurífera , São João Del Rei experimentou um crescimento significativo, resultando em um legado de arquitetura colonial, eclética, proto-moderna e art-déco. Esta riqueza arquitetônica, reconhecida e protegida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, constitui um valioso patrimônio cultural e histórico. Ao mesmo tempo, com o declínio do ciclo do ouro e a transformação de São João Del Rei em um entreposto comercial, houve um desenvolvimento urbano que se estendeu para além do núcleo histórico, especialmente nas áreas periféricas. Reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO, Ouro Preto é um retrato da diversidade de regimes de tombamento sob diretrizes diversas que muitas vezes confundem os cidadãos que nela residem. A desigualdade socioeconômica entre os moradores das distintas áreas de proteção adiciona outra camada a este panorama, influenciando diretamente no acesso à informação e nos serviços de adequação residencial. O Crescimento e a Necessidade de Moradia A partir dos anos 1970, São João del Tei começou a receber um fluxo de migrantes das zonas rurais e cidades vizinhas, resultando na formação de periferias como o Bonfim, Guarda-Mor, Senhor dos Montes, São Geraldo, São Dimas, entre outros. Estas áreas, muitas vezes desprovidas de infraestrutura e serviços urbanos adequados, refletem um desafio contemporâneo: como proporcionar moradia digna enquanto se preserva o rico patrimônio cultural e histórico. A cidade, portanto, enfrenta o desafio de equilibrar a preservação do patrimônio com a necessidade de expansão urbana e moradia acessível. As políticas de preservação, como as estabelecidas pelo CMPPC e pelo Plano Diretor, são essenciais para proteger o patrimônio histórico, mas também precisam ser integradas com estratégias para promover o desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo. À sombra da Serra de Ouro Preto, nos bairros a oeste, reside uma população densa e diversa, que encara a precariedade habitacional frente a um cenário de patrimônio cultural rigorosamente protegido. A necessidade de moradia digna não é apenas um anseio, mas uma demanda urgente, sobretudo nas áreas de Área de proteção (AP 01), onde a preservação e a vida cotidiana devem encontrar um equilíbrio sustentável.Projetos Inovadores em Ação O envolvimento da comunidade local é crucial neste processo. Projetos que visam integrar a população residente na preservação do patrimônio, ao mesmo tempo que abordam suas necessidades de moradia, podem ajudar a criar uma conexão mais profunda entre os moradores e seu patrimônio cultural. A educação patrimonial, particularmente entre as crianças e jovens, é um aspecto fundamental para fomentar uma apreciação pelo patrimônio histórico e cultural e para a formação de uma identidade cultural coletiva. Estamos enfrentando esse desafio de frente, com o apoio de dois editais de patrocínio do CAU/MG para o ano de 2023.  O primeiro, focado em Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS), é intitulado “Moradia Digna, um direito seu” e o segundo edital é dedicado ao Patrimônio Cultural.Guias didáticos, elaborados pela comunidade e para a comunidade, visam simplificar as diretrizes de tombamento e incentivar a participação popular no processo de preservação. Estes esforços buscam não apenas proteger, mas também empoderar os residentes, dando-lhes as ferramentas para que sejam protagonistas na proteção e valorização do seu entorno histórico. Edital de Patrimônio Cultural As cidades históricas de Ouro Preto e São João Del Rei receberam iniciativas para a preservação do patrimônio cultural e a educação da comunidade, com a execução da Arquitetas Nômades e patrocínio do CAU/MG na modalidade Patrimônio Cultural.O projeto “Guia para moradores do centro histórico e entorno” em Ouro Preto da  A3EM focou em capacitar profissionais, estudantes e moradores sobre como preservar e melhorar habitações em áreas tombadas, abrangendo a área do Morro da Queimada . Em São João del Rei, o projeto da Projeto Social Criança, Atleta, Cidadã (CAC) teve como diferencial as oficinas com crianças do projeto. Ambos os projetos engajam  estudantes e profissionais de arquitetura, engenharia civil e áreas afins, em atividades que incluíram oficinas didáticas e orientação à comunidade. Encontros virtuais Em Ouro Preto os encontros preparatórios ocorreram da seguinte forma Em São João del Rei os encontros online tiveras os temas: 1-Abertura do Projeto – apresentação e explicação geral Gestão do Patrimônio Cultural (Convidada : Nathalia Larsen – Presidente do CMPPC)2- Guia dos Bens Edificados e Mapa do Patrimônio (Convidadas: Ana Raposo -antiga Diretora de Cultura e Gerente de Planejamento na Prefeitura de São João del-Rei; Lia Lombardi – diretora da Igarapé Produtora, estando à frente do projeto “Mapa do Patrimônio”)3- Diretrizes do Conselho Municipal de Preservação ao Patrimônio Cultural e aprovação de projetos no IPHAN. (Convidados: Raymara Gama – ETSJ IPHAN; Roberto Miranda – Arquiteto da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de SJDR, cedido ao CMPPC)4- Direito e Patrimônio Cultural (Convidado: Carlos Magno de Souza Paiva- Um dos escritores do Manual para quem vive em casas tombadas) Ficou curioso? Além do link do livro acima conheça um pouco mais das iniciativas que foram referência para esse projeto: Conheça o Mapa do PatrimônioBaixe o Guia de bens Edificados de São João del Rei

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