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Fabricação digital e design aberto – Por um mundo com design mais acessível, distribuído e customizável

Já ouviu falar em design aberto e fabricação digital? O design colaborativo está mais palpável do que se possa imaginar.  Para falar sobre o tema, convidamos o fundador da Ventina Design, o arquiteto Cesar Figueiredo, e o texto está incrível, vem ler!

Banquinho pra soltar a imaginação – Fabricação digital + acabamento artesanal da VentinaDesign

 

Que o mundo passa por mudanças todo mundo já sabe e as vivencia no dia-a-dia! Muitas dessas mudanças impactam diretamente na forma com que consumimos e utilizamos produtos e serviços. A revolução causada pela economia compartilhada gerou novas formas de se pensar e de se relacionar. Uber, AirBnB, Instagram, Facebook, Youtube, Co-workings… poderíamos citar uma infinidade de empresas que tem como base do seu negócio não mais um produto físico mas a capacidade de compartilhamento mútuo de serviços, produtos e informação entre seus usuários.

Bom, parece um papo até meio batido essas ‘revoluções’ conduzidas por essas empresas e suas novas formas de trabalhar, mas e quando esse papo de compartilhamento chega no design de móveis, como é que fica? Será é possível que essa mesma filosofia de compartilhamento perpetue numa cadeia produtiva tão fechada e que produz objetos tão táteis fisicamente e tão pessoais?

Bom pra pensar nisso vamos nos propor um exercício de imaginação simples. Imagine que eu seja um designer que cria e produz móveis e more em Londres. Você viu uma cadeira que eu criei, se interessou, acessou o site e quer fazer a compra.  Supondo que você more em Belo Horizonte, uma vez que você faz a compra eu vou mandar fabricar essa cadeira em uma marcenaria em Londres, embalar, uma transportadora fará a coleta, essa cadeira vai viajar algumas centenas de milhares de quilômetros até chegar na alfândega no Brasil – provavelmente em Curitiba. Com alguma sorte em algum tempo ela será liberada, vai entrar num caminhão e percorrer mais alguns milhares de quilômetros e vai chegar ai na sua casa em Belo Horizonte.  Só de imaginar essa cadeia de produção e distribuição dessa cadeira a gente já fica com preguiça. Imagina o custo disso, tanto o custo econômico quanto o custo ambiental dessa aventura além mar pra se ter uma cadeira.

Se estamos falando de economia do compartilhamento essa história dessa cadeira já começa mal e tende a piorar. Mas via-de-regra é assim que funciona a indústria de moveis no mundo. Mas como pensar num processo diferente, mais aberto, simplificado e mais eficiente?

Vamos retomar a mesma história. Mas dessa vez vamos pensar num novo sistema de produção e distribuição dessa cadeira: Imagine que eu seja um designer que cria e produz móveis e more em Londres. Você viu uma cadeira que eu criei, se interessou, acessou o site e quer fazer a compra.  Supondo que você more em Belo Horizonte, uma vez que você faz a compra EU VOU TE ENVIAR UM ARQUIVO DIGITAL PARA FABRICAÇÃO DIGITAL DO SEU PRODUTO. Você faz o download desse arquivo, leva no pen-drive num FAB-LAB ou num Makerspace. Utilizando o maquinário desse lugar você irá cortar todas as peças necessárias para se fazer essa cadeira. Você vai levar essas peças pra casa na mochila e você mesmo irá montar essa cadeira usando apenas encaixes. Sua cadeira está pronta e você está curtindo em apenas algumas horas entre o clique do download e a montagem. Parece surreal, loucura, impossível? Pois saiba que esse não é só uma possibilidade real como existe uma geração enorme de designers trabalhando nesse sistema que chamamos de FABRICAÇÃO DIGITAL e DESIGN ABERTO.

Esquema do Banquinho Antônio – Ventina Design

 

Banquinho Antônio – Ventina Design

 

Uma série de empresas tem trabalhado nesse sentido de conectar designers, produtores locais e clientes, através de plataformas virtuais que eliminam intermediários e os custos de exportação e importação, minimizando também custos de logística e distribuição, o que é bom para o bolso de todos os envolvidos e para o meio-ambiente.

A ideia de do-it-yourself que vem ganhando espaço no mundo (conhecido como movimento MAKER) fez designers repensarem a forma que projetam, fabricam e distribuem seus produtos. Com cada vez mais espaços que contam com equipamentos como impressoras 3D, corte a laser, CNC, etc. a ideia é democratizar o design sem o intermédio da indústria, mas a partir da disponibilização dos arquivos dos produtos pra fabricação digital simplificada, que é feita integralmente pelo maquinário e dispensa toda infra-estrutura de grandes fabricas. Uma das vantagens do modelo é que um objeto desenhado por você, na sua casa pode ser fabricado em qualquer lugar do mundo, criando a possibilidade do design cada vez mais distribuído.

Se o objeto é distribuído seu projeto também precisa ser! Design aberto, opensource, open design ou design livre. Todos os termos são usados para definir a ideia de designers e marcas colocar os arquivos dos seus produtos à disposição para que interessados possam produzir e modificar, intervir e melhorar, os móveis por conta própria em diferentes partes do mundo. As pessoas podem baixar livremente os arquivos para uso pessoal, mas nunca com fins comerciais. Design aberto é transferência de conhecimento. É empoderar o outro ao liberar seu potencial criativo, permitindo que as pessoas possam usar e adaptar esse conhecimento da melhor forma às suas necessidades.

Quer conhecer sites e empresas que trabalham dessa forma? Vai aí uma lista de sites pra você visitar e começar a conhecer e quem sabe ser mais um entusiasta da ideia. Neles é possível pesquisar e fazer download dos arquivos para fabricar os móveis e objetos gratuitamente!

https://www.opendesk.cc/

https://monodesign.com.br/

http://crushdesign.cc/pt/

https://www.thingiverse.com/

http://www.designoteca.com/

http://atfab.co/cnc-furniture/

http://os-furnitures.tumblr.com/

Eu me apaixonei e entrei de cabeça nessa onda do Design Aberto e da Fabricação digital! Hoje todos os produtos que desenvolvo pra Ventina Design são feitos para fabricação digital e em breve com o lançamento do site da ventina haverá o link pra download de todos os arquivos de nossos objetos para que as pessoas possam fabricar nossas ideias! Pessoalmente acredito que o bom design é acessível, compartilhável e distribuído para poder causar impactos reais na vida das pessoas e melhorar substancialmente. Pensar em novas formas e novas redes de consumo e produção é nosso dever e nosso grande desafio dentro de toda a complexidade que o mundo tem descortinado! Se você gostou, quer tentar produzir alguma coisa, conversar, trocar uma ideia e iniciar nesse mundo me manda um e-mail e vamos compartilhar!

 

 

Balanço – Ventina Design

 

Cezar Figueredo é arquiteto e mestre em Ambiente Construído. É fundador da Ventina Design para Crianças onde desenvolve móveis e objetos interativos e lúdicos para o universo infantil. É um entusiasta do movimento maker e do design aberto.
Email: 136.arq@gmail.com
Siga: https://www.instagram.com/ventinadesign/

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“Cada casa, um lar”, acompanhe esse projeto

É com grande entusiasmo que apresentamos esse projeto, uma iniciativa reforçada pelo CAU/MG conforme edital de chamado público N.º 002/2023, modalidade assistência técnica para habitações de interesse social “Moradia digna, um direito seu”.Proposta pelo Projeto Social CAC e pela arquiteta Amanda de Almeida Carvalho, com execução da equipe dos Arquitetas Nômades, o projeto visa atender famílias de baixa renda afetadas por desastres causados ​​pelas chuvas, pela COVID-19 e outras vulnerabilidades, incluindo idosos, pessoas com deficiência , acamados, gestantes, crianças pequenas, vítimas de violência e famílias sem fonte de renda. Arquitetos e estudantes interessados ​​no ATHIS foram convidados a participar das atividades e da capacitação de gestores públicos em Santa Cruz de Minas e São João Del Rei, juntamente com a equipe do CAC e das Arquitetas Nômades, com o objetivo de promover moradias dignas e seguras para todos. Inscrições e participação A divulgação do projeto para comunidade de estudantes e arquitetos foi realizada por meio de nossas redes sociais, ficando aberta de setembro de 2023 a abril de 2024. Os 12 inscritos, entre alunos e profissionais de arquitetura participaram de várias etapas desde visitas, elaboração do projeto , acompanhamento execução da obra e oficina de capacitação.  Veja abaixo um dos projetos desenvolvidos por uma das arquitetas escritas 🏡💫 Oficinas  Os escritórios são um espaço onde estudantes, arquitetos e moradores se unem para aprender o ofício juntos, colocando literalmente as mãos na massa sob orientação de profissionais. Foram realizados escritórios de telhado, reboco, alvenaria e pintura. Confira algumas delas abaixo: Clique nas imagens abaixo para assistir aos vídeos 💪🏠 Clique para ver a oficina de reboco com a moradora Soraia A capacitação em ATHIS para gestores e servidores públicos de São João Del Rei e Santa Cruz de Minas a fim de contribuições o desenvolvimento de políticas públicas eficazes e inclusivas na área de habitação ocorrerá no mês de maio de forma presencial. Clique nas imagens abaixo para assistir aos vídeos

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Moradia digna e Patrimônio : o que tem a ver? A relação entre moradia digna e patrimônio nas cidades de São João Del Rei e Ouro Preto, no estado de Minas Gerais, reflete uma interação complexa e multifacetada. Como podemos garantir moradia digna enquanto preservamos nosso legado histórico e cultural? Nesta newsletter, exploramos essa interseção desafiadora e as iniciativas em andamento para enfrentar essa questão. Duas Cidades de Histórias e Desafios No período da exploração aurífera , São João Del Rei experimentou um crescimento significativo, resultando em um legado de arquitetura colonial, eclética, proto-moderna e art-déco. Esta riqueza arquitetônica, reconhecida e protegida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Cultural, constitui um valioso patrimônio cultural e histórico. Ao mesmo tempo, com o declínio do ciclo do ouro e a transformação de São João Del Rei em um entreposto comercial, houve um desenvolvimento urbano que se estendeu para além do núcleo histórico, especialmente nas áreas periféricas. Reconhecida como Patrimônio Mundial pela UNESCO, Ouro Preto é um retrato da diversidade de regimes de tombamento sob diretrizes diversas que muitas vezes confundem os cidadãos que nela residem. A desigualdade socioeconômica entre os moradores das distintas áreas de proteção adiciona outra camada a este panorama, influenciando diretamente no acesso à informação e nos serviços de adequação residencial. O Crescimento e a Necessidade de Moradia A partir dos anos 1970, São João del Tei começou a receber um fluxo de migrantes das zonas rurais e cidades vizinhas, resultando na formação de periferias como o Bonfim, Guarda-Mor, Senhor dos Montes, São Geraldo, São Dimas, entre outros. Estas áreas, muitas vezes desprovidas de infraestrutura e serviços urbanos adequados, refletem um desafio contemporâneo: como proporcionar moradia digna enquanto se preserva o rico patrimônio cultural e histórico. A cidade, portanto, enfrenta o desafio de equilibrar a preservação do patrimônio com a necessidade de expansão urbana e moradia acessível. As políticas de preservação, como as estabelecidas pelo CMPPC e pelo Plano Diretor, são essenciais para proteger o patrimônio histórico, mas também precisam ser integradas com estratégias para promover o desenvolvimento urbano sustentável e inclusivo. À sombra da Serra de Ouro Preto, nos bairros a oeste, reside uma população densa e diversa, que encara a precariedade habitacional frente a um cenário de patrimônio cultural rigorosamente protegido. 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Estamos enfrentando esse desafio de frente, com o apoio de dois editais de patrocínio do CAU/MG para o ano de 2023.  O primeiro, focado em Assistência Técnica para Habitação de Interesse Social (ATHIS), é intitulado “Moradia Digna, um direito seu” e o segundo edital é dedicado ao Patrimônio Cultural.Guias didáticos, elaborados pela comunidade e para a comunidade, visam simplificar as diretrizes de tombamento e incentivar a participação popular no processo de preservação. Estes esforços buscam não apenas proteger, mas também empoderar os residentes, dando-lhes as ferramentas para que sejam protagonistas na proteção e valorização do seu entorno histórico. 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Encontros virtuais Em Ouro Preto os encontros preparatórios ocorreram da seguinte forma Em São João del Rei os encontros online tiveras os temas: 1-Abertura do Projeto – apresentação e explicação geral Gestão do Patrimônio Cultural (Convidada : Nathalia Larsen – Presidente do CMPPC)2- Guia dos Bens Edificados e Mapa do Patrimônio (Convidadas: Ana Raposo -antiga Diretora de Cultura e Gerente de Planejamento na Prefeitura de São João del-Rei; Lia Lombardi – diretora da Igarapé Produtora, estando à frente do projeto “Mapa do Patrimônio”)3- Diretrizes do Conselho Municipal de Preservação ao Patrimônio Cultural e aprovação de projetos no IPHAN. (Convidados: Raymara Gama – ETSJ IPHAN; Roberto Miranda – Arquiteto da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de SJDR, cedido ao CMPPC)4- Direito e Patrimônio Cultural (Convidado: Carlos Magno de Souza Paiva- Um dos escritores do Manual para quem vive em casas tombadas) Ficou curioso? Além do link do livro acima conheça um pouco mais das iniciativas que foram referência para esse projeto: Conheça o Mapa do PatrimônioBaixe o Guia de bens Edificados de São João del Rei

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